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sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Sociedade artificial

Hoje, quando abri meu e-mail, li uma notícia que me fez vacilar: "Pequeno robô da Fujitsu aprende a limpar a louça" (http://br.msn.com/?ocid=iehp). Fiquei me perguntando se alguém já parou para pensar em toda a metamorfose que se esconde nesta simples frase "Aprende a limpar a louça". Aprender supõe pensamento, pensamento supõe existência, que supõe vida... e desde quando uma máquina pode ser dotada de tais características? A máquina não é uma junção de peças programadas para fazer algo e somente? Como pode ela aprender? Mais tarde ela terá também alterações de humor? Se irritará? chorará? Será que a inteligência humana já não está em patamar de risco tecnológico?

Não estou perguntando isso porquê acho que a guerra entre homem e máquina vai ocorrer em breve... Muito embora isso até seja bem possível. Alías, ás vezes penso que ela já ocorre, uma vez que o homem vem perdendo o seu lugar para a máquina. Na verdade o que me entristece e, ao mesmo tempo, me assusta é a tamanha responsabilidade e confiança que o homem retira do seu próximo e deposita em máquinas. Imagine que na atualidade as pessoas passam mais tempo em companhia de máquinas do que de pessoas, elas viraram melhores amigas.

Exagero? Nadinha! Crianças, adolescentes e adultos dedicam horas de seus tempos com ipod, notes e nets books, celulares, computadores, televisão, MP3 e outros aparelhinhos que oferecem diversão solitária. Até as compras, caractéristica consumista de nossa Era, está se reconfigurando para um passeio a sós pela Web, onde está tudo à mão, digo, a um clik.

Em contrapartida as conversas em família estão cada vez mais curtas, a onda do momento é estar sempre "on" ou "plugado" na rede. Os amigos já não conversam, trocam "torpedos" ou "scraps", ou ainda "twitam". Está tudo muito à mão, mas estamos cada vez mais distantes uns dos outros, inseridos em um mundo cada vez mais artificial, cada vez mais robótico e mais programado. E onde fica a naturalidade? Será que nossas emoções também acabarão por ser reprogramadas? Será que a frieza do metal será capaz de suprir a necessidade de calor que mora na alma humana?

As vezes me pergunto se as necessidades que nos acompanharam desde que o mundo é mundo serão substituídas por soluções artificiais, tipo resolver a briga de casal na hora de escolher quem lava a louça. Tudo bem, um robô para lavar a louça não é nada mau, até cai muito bem. Assim também como não é nada mau poder me comunicar com quem está muito longe, assitir a cenas que aconteceram bem longe, transferir uma grana no banco sem sair de casa... tudo isso é bem bom! Mas, ao mesmo tempo, tenho medo, um medo que a máquina jamais terá, pelo menos assim espero. Tenho medo de que quando eu tiver necessidade de um abraço, ou de um consolo diante de uma decepção, olhos de vidro e mãos de ferro tentem me dizer que vai ficar tudo muito bem! Tenho medo de que um dia, alguém anuncie em algum site que conseguiram colocar uma alma artificial em um robô... tenho medo de dormir e acordar em uma sociedade artificial...

Por Mari Gonçalves

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