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sábado, 23 de janeiro de 2010

Devaneios

Solta-te de mim, ó louca!

E vai fazer o que queiras

Queimar nesta chama inata

Que me devora e me apavora

Como a um rio em tempestades mil!

Que faço eu nestes segundos?

Onde a febre me arde o corpo

Onde o pensamento voa

E meu peito, arfante, entoa

O canto do desejo incontido...

Te finges de amigo, ó carrasco meu!

Mas é teu o mérito de minha loucura

Se eu não tiver tais venturas

Me enche de infiéis amarguras

Pois não é teu, é meu

Esta desejo, esta febre de ter

Um qualquer bem-querer

Que venha a habitar

Neste peito ávido - que chamo de meu...

Por: Marilene Gonçalves

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