O deserto que cruzo no escuro
Me transforma em alguém que eu não conheço
Alguém melhor do que fui um dia
Eu cruzo meu deserto a pé
Ferida por esta solidão de antigos dissabores
Em companhia de fantasmas e ex-amores
Levada por estas pegadas desfeitas na areia
Eu cruzei o deserto sozinha
Como todo mundo vai fazer um dia
Embora o coração leve uma infinidade de almas
Eu me despi de tudo, mas o deserto é tão frio!
A pressença humana escassa, dói
A solidão, infortúnio dos peregrinos
o deserto está perto de lugar algum
O deserto que cruzo é tão desabitado
Mas tantas vozes me invadem
Miragens apenas, saudades quem sabe
Lágrimas não encurtam este caminho
Mas há oásis há poucas distâncias
O deserto que cruzo sozinha é quente
Como o fogo que arde em minha lembrança
Eu sinto falto de uma companhia
Para pisar nestas areias do tempo
Para fazer valer minha existência
Para que a minha alma ganhe o firmamento
O deserto que cruzo é o sentimento
belíssima!
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