Visualizações de página do mês passado

segunda-feira, 14 de março de 2011

Sou eu quem parto



Por tanto tempo lamentei partidas

E maldizia quem ia

Chorando a dor de quem fica


Por tanto tempo ignorei motivos

Remoendo a insanidade de quem vai

E agora sou eu quem parto...


E deixo saudades acumuladas

Minha ausência anunciada evoca um vazio


Por tanto tempo imaginei indiferença

E quem partia, indiscutível carrasco

Nunca refleti motivações, sempre julguei culpados

E agora Parto...


No lábio sabor amargo

A sensação de que os pés se vão

Mas o coração permanece, fenece

E quantas vezes me senti sozinha

Angustiada pelos passos de quem ia

Imaginando que a dor do ficar

É tão mais tamanha que a do caminhar

E parto hoje...


Com o peito entorpecido, em chamas

Com o amargor de deixar quem se ama

Com o insuportável desejo de ficar

Ah! como errei!


Quem fica tem lembranças, esperanças

Quem vai, somente vai, pesaroso vai

E se cansa, mede distâncias,

Remói o passado, tão constantemente assombrado

Sou eu quem parto agora...


Sobressaltada por minha memória

Ardendo por dentro esta coletiva ausência

Fazendo presente os sorrisos soltos

As mãos vazias de carinhos alheios


Quem fica sofre, padece

Quem parte, ah! quem parte

Jamais se esquece!


Nenhum comentário:

Postar um comentário