Por tanto tempo lamentei partidas
E maldizia quem ia
Chorando a dor de quem fica
Por tanto tempo ignorei motivos
Remoendo a insanidade de quem vai
E agora sou eu quem parto...
E deixo saudades acumuladas
Minha ausência anunciada evoca um vazio
Por tanto tempo imaginei indiferença
E quem partia, indiscutível carrasco
Nunca refleti motivações, sempre julguei culpados
E agora Parto...
No lábio sabor amargo
A sensação de que os pés se vão
Mas o coração permanece, fenece
E quantas vezes me senti sozinha
Angustiada pelos passos de quem ia
Imaginando que a dor do ficar
É tão mais tamanha que a do caminhar
E parto hoje...
Com o peito entorpecido, em chamas
Com o amargor de deixar quem se ama
Com o insuportável desejo de ficar
Ah! como errei!
Quem fica tem lembranças, esperanças
Quem vai, somente vai, pesaroso vai
E se cansa, mede distâncias,
Remói o passado, tão constantemente assombrado
Sou eu quem parto agora...
Sobressaltada por minha memória
Ardendo por dentro esta coletiva ausência
Fazendo presente os sorrisos soltos
As mãos vazias de carinhos alheios
Quem fica sofre, padece
Quem parte, ah! quem parte
Jamais se esquece!
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